ERC nega monolitismo no debate político-económico
Promotores da “petição pelo pluralismo de opinião no debate político-económico”, estranham deliberação da ERC, deslocada no tempo de análise e impotente para conseguir respostas dos responsáveis dos média.
Esquerda.net, 4 de Abril
Os promotores da “petição pelo pluralismo de opinião no debate político-económico”, Miguel Cardina e Nuno Serra, reagiram em comunicado à deliberação da entidade reguladora para a comunicação social (ERC) a propósito da questão levantada pela petição, isto é, o acentuado monolitismo do comentário e discussão, nos órgãos de comunicação social (particularmente nos canais televisivos), das opções político-económicas então veiculadas no contexto da aprovação do PEC III, em Outubro de 2010.
A petição, que contou com 1373 assinaturas, denunciava que “nas horas e dias que se seguiram à conferência de imprensa de José Sócrates e de Teixeira dos Santos, os órgãos de comunicação social, nomeadamente as televisões, empenharam-se mais em tornar as referidas medidas inevitáveis do que em promover efectivos espaços de debate em torno das grandes opções político-económicas”. Preocupados com este silenciamento e monolitismo, os signatários exigiam “aos órgãos de comunicação social – em particular às televisões, e sobretudo àquela a quem compete prestar 'serviço público' – que respeitem o pluralismo no debate político-económico de modo a que se possa construir uma opinião pública mais activa e informada”.
A deliberação da ERC, datada de dia 10 de Março de 2011 anexa à deliberação um relatório baseado no recenseamento dos espaços de informação e opinião difundidos pelos canais de televisão entre 14 e 20 de Fevereiro de 2011, o que leva os promotores da petição a estranhar “não ter sido analisada a produção televisiva nos dias imediatamente subsequentes à aprovação do PEC III, isto é, no espaço temporal explicitamente referido na petição e que fundamentou as preocupações nela expressas”.
Estranham também a manifesta insuficiência de respostas por parte dos responsáveis editoriais da RTP1, RTP2, RTPN, SIC, SIC Notícias, TVI e TVI 24, quando instados pela ERC a pronunciar-se sobre a produção televisiva em apreço no período entre 29 de Setembro e 29 de Outubro, e a complacência e resignação da ERC face ao escasso número de respostas obtidas, bem como quanto à superficialidade da informação recebida.
Na sua deliberação, a ERC reconhece que “a petição coloca uma problemática difícil de abarcar, na medida em que tem na sua origem distintas concepções ideológicas relativas ao funcionamento do sistema económico-financeiro, que transcendem em larga medida qualquer representação de base político-partidária (ou de outra natureza), tornando-se particularmente complexo definir um quadro de referência conceptual para informar a análise.
Mas a sua confessada impotência não impede a ERC, observam os promotores, “de tecer algumas considerações que apontam para a existência de pluralismo no debate político-económico”, o que os promotores continuam a negar.
Mas a sua confessada impotência não impede a ERC, observam os promotores, “de tecer algumas considerações que apontam para a existência de pluralismo no debate político-económico”, o que os promotores continuam a negar.
Leia a deliberação da ERC
Leia na íntegra o Comunicado de resposta à deliberação da entidade reguladora para a comunicação social (ERC) pelos promotores da «petição pelo pluralismo de opinião no debate político-económico».
Pluralismo no Debate
segunda-feira, 4 de abril de 2011
sexta-feira, 1 de abril de 2011
O pluralismo segundo a ERC
Em resposta ao envio da Petição pelo pluralismo de opinião no debate político-económico (e respectiva lista de subscritores), a 30 de Outubro de 2010, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) fez chegar aos promotores a Deliberação 2/PLU-TV/2011 - que aprecia a referida petição - bem como o relatório que serviu de suporte a essa mesma deliberação.
Considerando que a resposta da ERC se revela muito insatisfatória (e até contraditória nas conclusões a que chega), face à denúncia dos peticionários quanto ao défice de pluralismo no tratamento que a comunicação social (muito particularmente os canais televisivos) tem dado às questões político económicas, entenderam os promotores da petição remeter à Entidade Reguladora para a Comunicação Social o seguinte comunicado:
1. No contexto da aprovação do PEC III, em Outubro de 2010, um conjunto de cidadãos resolveu expressar a sua preocupação pelo acentuado monolitismo do comentário e discussão, nos órgãos de comunicação social (particularmente nos canais televisivos), das opções político-económicas então apresentadas e que foram discutidas no pressuposto da sua inevitabilidade e incontrovérsia. Nesses termos, os cidadãos subscritores da petição denunciaram a «constituição de leque apertado e tendencialmente redundante de opiniões», que excluiu economistas, académicos de outras áreas e representantes de certos sectores sociais que, em comum, contestam a lógica das medidas adoptadas pelo PEC III, alertando «para o resultado nefasto de receitas semelhantes aplicadas em outros países» e denunciando a «injusta repartição dos sacrifícios feita por politicas que privilegiam os interesses dos mercados financeiros liberalizados». No entender dos peticionários, o pluralismo de interpretações e perspectivas sobre a crise, os seus impactos e as opções de superação estava seriamente posto em causa, com consequências nefastas para a formação de uma opinião pública devidamente esclarecida.
2. Foi essa funda percepção que levou os promotores a lançar a Petição pelo pluralismo de opinião no debate político-económico, que rapidamente atingiu um milhar de assinaturas. Para além de notícias e comentários em jornais e blogues, o eco da petição chegou também ao Provedor da RTP, que dedicou à iniciativa uma edição do programa «A Voz do Cidadão». As preocupações dos peticionários foram igualmente transmitidas, por correio electrónico e correio postal às direcções de informação dos canais televisivos e a outros meios de comunicação social, aos responsáveis por programas de opinião que se debruçam sobre questões político-económicas, bem como aos grupos parlamentares e à própria ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social).
3. Os promotores da petição tiveram recentemente conhecimento da deliberação que a ERC entendeu produzir sobre o assunto, datada de dia 10 de Março de 2011. Na resposta, esta entidade anexou à deliberação o relatório que a suporta, baseado no recenseamento dos espaços de informação e opinião difundidos pelos canais de televisão entre 14 e 20 de Fevereiro de 2011. Registando o cumprimento dos princípios estatutários por que se rege a ERC em matéria de defesa do pluralismo nos órgãos de comunicação social, os promotores da petição entendem, contudo, dever pronunciar-se sobre o teor do relatório disponibilizado pela ERC e a deliberação a que o mesmo deu origem.
4. Os promotores da petição pretendem assim manifestar, desde logo, a sua perplexidade pelo facto de não ter sido analisada a produção televisiva nos dias imediatamente subsequentes à aprovação do PEC III, isto é, no espaço temporal explicitamente referido na petição e que fundamentou as preocupações nela expressas. Perante a possibilidade de essa análise se confrontar impedimentos inultrapassáveis, esperariam os promotores da petição ter obtido um esclarecimento nesse sentido por parte da ERC, o que não se verificou.
5. Tal como importa sublinhar, do mesmo modo, a manifesta insuficiência de respostas por parte dos responsáveis editoriais da RTP1, RTP2, RTPN, SIC, SIC Notícias, TVI e TVI 24, quando instados pela ERC a pronunciar-se sobre a produção televisiva em apreço no período entre 29 de Setembro e 29 de Outubro. É com estranheza, de facto, que os promotores da petição constatam a complacência e resignação da ERC face ao escasso número de respostas obtidas, bem como quanto à superficialidade da informação recebida, sobretudo tendo em conta que, no âmbito do pedido efectuado, era solicitada «informação detalhada sobre os intervenientes convidados a participar» nos espaços de noticiário e debate que foram para o ar entre 29 de Setembro e 29 de Outubro.
6. Ainda nesta matéria, os promotores da petição lamentam, por um lado, que apenas a RTPN e a SIC / SIC Notícias tenham respondido à solicitação da ERC, na medida em que tal evidencia, por parte dos directores de informação não respondentes, um efectivo, inaceitável e incompreensível desprezo pela percepção de um conjunto significativo de cidadãos em relação à falta de pluralismo no debate político-económico. Por outro lado, pretendem igualmente os promotores da petição repudiar o modo autista e a argumentação rudimentar de que se socorreu o Director de Informação da SIC e da SIC Notícias na resposta às suas preocupações. Esclarecendo a ERC da «quase impossibilidade de registarmos a totalidade dos intervenientes convidados a participar» (sic), considera o Director de Informação daquela estação televisiva como «insultuosas e pouco próprias da tolerância e pluralismo que caracterizam os regimes democráticos» certas expressões do texto da Petição. Ora, no entendimento dos promotores, o que caracteriza a democracia é precisamente a ideia de que a tolerância e o pluralismo devem ser objecto de incessante vigilância cidadã, cabendo aos os meios de comunicação social, pela sua própria natureza, aprofundar constantemente esse desiderato.
7. Na deliberação que produziu, a ERC reconhece que «a petição coloca uma problemática difícil de abarcar, na medida em que tem na sua origem distintas concepções ideológicas relativas ao funcionamento do sistema económico-financeiro, que transcendem em larga medida qualquer representação de base político-partidária (ou de outra natureza), tornando-se particularmente complexo definir um quadro de referência conceptual para informar a análise». Esta declaração de impotência, a que a ERC anexa o reconhecimento da manifesta falta de resposta por parte dos serviços de programas, leva a uma conclusão. Tratando-se de uma questão que não se resolve com uma mera seriação de nomes e tempos de intervenção, por um lado, e constatando um dominante mutismo da parte dos responsáveis, por outro, sabemos o que já suspeitávamos: que o tema exige um estudo rigoroso, baseado em métodos qualitativos de análise de discurso, bem como a recolha de pareceres a um painel plural de especialistas em Economia e em informação económica. Só desse modo a análise da ERC teria sido capaz de apreciar rigorosa e criticamente os discursos produzidos e aferir a existência (ou não) de um silenciamento de determinados sectores sociais e de determinadas leituras científicas, alternativas, do real.
8. Mas a confessada impotência da ERC para tratar aprofundadamente as questões suscitadas pela petição (sendo expresso no relatório que esta entidade «muito dificilmente» poderia ter elaborado «um juízo substantivo e firme sobre a actuação dos diferentes meios de comunicação», no contexto da apresentação do PEC III), não impedem esta entidade, curiosamente, de tecer algumas considerações que apontam para a existência de pluralismo no debate político-económico. De outro modo não podem os promotores da petição interpretar, de facto, duas das três conclusões que decorrem da análise do período entre 14 e 20 de Fevereiro de2011, a saber: 1) Que a partir do material recolhido se admite “que o comentário sobre assuntos económicos é tendencialmente diversificado envolvendo diferentes tipos de actores sociais, desde jornalistas, políticos, empresários e especialistas académicos”, e que; 2) Se denota «uma tendência para privilegiar a presença de personalidades ligadas aos dois partidos mais votados e representados na AR (PS e PSD». Os promotores da petição dispensam-se, aliás, de comentar esta segunda conclusão, uma vez que não assinalaram em nenhum momento que o problema do défice de pluralismo residia essencialmente em questões de representação partidária, mas sim no quadro do monolitismo vigente no que concerne às correntes de opinião jornalística e económica. Ao que acresce o alerta, ainda relativamente à segunda conclusão, para o facto de a tendência para privilegiar comentadores ligados ao PS e ao PSD (não obstante poder ser justificada pela representação parlamentar destes dois partidos), não dever conduzir à confusão entre representatividade parlamentar e criação de um grande centro ideológico, na medida em que este possa obnubilar as opiniões que fujam desse arco – sobretudo as opiniões que não dimanam directamente dos partidos, cujo espaço mediático de afirmação está mais ou menos assegurado.
9. Na análise e fundamentação com que conclui o documento, a ERC entende ainda destacar a circunstância da a petição não aprofundar nem concretizar os factos em que se baseia a reclamação apresentada, argumentando que os peticionários não assinalam os programas específicos que teriam constituído uma violação do pluralismo nem indicam os especialistas que poderiam expressar visões alternativas. Quanto ao primeiro ponto, importa sublinhar que uma das razões centrais que levaram os promotores a dirigir a petição à ERC reside precisamente na expectativa, defraudada, de que esta entidade pudesse competentemente proceder à análise dos discursos e correntes de opinião expressos, de modo a identificar os programas em que o monolitismo da discussão se revelasse mais pronunciado, bem como aquilatar, com fundamento, da situação geral do pluralismo de opinião do debate político-económico. Quanto ao segundo ponto, declaram os promotores da petição não pretender, de maneira alguma, apresentar cardápios alternativos de comentário político-económico. Lembramos, aliás, que no próprio texto da petição manifestámos a convicção de que o monolitismo de opinião seria igualmente preocupante caso o défice de pluralismo revelasse um sentido contrário àquele que percepcionamos. Isto é, um cenário em que os cidadãos se vissem privados de contactar com os argumentos dos comentadores que perfilham as políticas de austeridade, justamente aqueles que consideramos proliferam excessivamente no actual panorama televisivo, em detrimento das opiniões que sustentam perspectivas alternativas a esta via de resolução dos problemas do país. O pressuposto de que partimos é o de que os responsáveis pelos programas de informação e debate têm – ou deveriam ter – um conhecimento mínimo das diversas correntes de pensamento económico, designadamente dos discursos alternativos que vão aparecendo em alguns jornais e em blogues, bem como da profundidade das divergências que sobre estes temas se expressam nas universidades e nos centros de investigação. Assim, sendo o resultado de uma percepção partilhada, não nos sentimos acometidos à tarefa de elaborar um estudo prévio que pudesse dar sustentação à queixa, para o qual não dispúnhamos aliás de meios, na expectativa que tal empreitada pudesse e devesse – como é legítimo supor – ser desenvolvida pela ERC.
10. Será dado conhecimento desta resposta à deliberação da ERC e do respectivo relatório que a suporta aos subscritores da petição, aos órgãos de comunicação social, aos directores de informação dos diferentes canais televisivos, a jornalistas que se dedicam à análise da comunicação social, ao Presidente da Assembleia da República e aos Grupos Parlamentares nela representados.
Lisboa, 31 de Março de 2011
Os promotores da Petição pelo pluralismo de opinião no debate político-económico
Considerando que a resposta da ERC se revela muito insatisfatória (e até contraditória nas conclusões a que chega), face à denúncia dos peticionários quanto ao défice de pluralismo no tratamento que a comunicação social (muito particularmente os canais televisivos) tem dado às questões político económicas, entenderam os promotores da petição remeter à Entidade Reguladora para a Comunicação Social o seguinte comunicado:
COMUNICADO DE RESPOSTA À DELIBERAÇÃO DA ENTIDADE REGULADORA PARA A COMUNICAÇÃO SOCIAL (ERC) PELOS PROMOTORES DA «PETIÇÃO PELO PLURALISMO DE OPINIÃO NO DEBATE POLÍTICO-ECONÓMICO»
1. No contexto da aprovação do PEC III, em Outubro de 2010, um conjunto de cidadãos resolveu expressar a sua preocupação pelo acentuado monolitismo do comentário e discussão, nos órgãos de comunicação social (particularmente nos canais televisivos), das opções político-económicas então apresentadas e que foram discutidas no pressuposto da sua inevitabilidade e incontrovérsia. Nesses termos, os cidadãos subscritores da petição denunciaram a «constituição de leque apertado e tendencialmente redundante de opiniões», que excluiu economistas, académicos de outras áreas e representantes de certos sectores sociais que, em comum, contestam a lógica das medidas adoptadas pelo PEC III, alertando «para o resultado nefasto de receitas semelhantes aplicadas em outros países» e denunciando a «injusta repartição dos sacrifícios feita por politicas que privilegiam os interesses dos mercados financeiros liberalizados». No entender dos peticionários, o pluralismo de interpretações e perspectivas sobre a crise, os seus impactos e as opções de superação estava seriamente posto em causa, com consequências nefastas para a formação de uma opinião pública devidamente esclarecida.
2. Foi essa funda percepção que levou os promotores a lançar a Petição pelo pluralismo de opinião no debate político-económico, que rapidamente atingiu um milhar de assinaturas. Para além de notícias e comentários em jornais e blogues, o eco da petição chegou também ao Provedor da RTP, que dedicou à iniciativa uma edição do programa «A Voz do Cidadão». As preocupações dos peticionários foram igualmente transmitidas, por correio electrónico e correio postal às direcções de informação dos canais televisivos e a outros meios de comunicação social, aos responsáveis por programas de opinião que se debruçam sobre questões político-económicas, bem como aos grupos parlamentares e à própria ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social).
3. Os promotores da petição tiveram recentemente conhecimento da deliberação que a ERC entendeu produzir sobre o assunto, datada de dia 10 de Março de 2011. Na resposta, esta entidade anexou à deliberação o relatório que a suporta, baseado no recenseamento dos espaços de informação e opinião difundidos pelos canais de televisão entre 14 e 20 de Fevereiro de 2011. Registando o cumprimento dos princípios estatutários por que se rege a ERC em matéria de defesa do pluralismo nos órgãos de comunicação social, os promotores da petição entendem, contudo, dever pronunciar-se sobre o teor do relatório disponibilizado pela ERC e a deliberação a que o mesmo deu origem.
4. Os promotores da petição pretendem assim manifestar, desde logo, a sua perplexidade pelo facto de não ter sido analisada a produção televisiva nos dias imediatamente subsequentes à aprovação do PEC III, isto é, no espaço temporal explicitamente referido na petição e que fundamentou as preocupações nela expressas. Perante a possibilidade de essa análise se confrontar impedimentos inultrapassáveis, esperariam os promotores da petição ter obtido um esclarecimento nesse sentido por parte da ERC, o que não se verificou.
5. Tal como importa sublinhar, do mesmo modo, a manifesta insuficiência de respostas por parte dos responsáveis editoriais da RTP1, RTP2, RTPN, SIC, SIC Notícias, TVI e TVI 24, quando instados pela ERC a pronunciar-se sobre a produção televisiva em apreço no período entre 29 de Setembro e 29 de Outubro. É com estranheza, de facto, que os promotores da petição constatam a complacência e resignação da ERC face ao escasso número de respostas obtidas, bem como quanto à superficialidade da informação recebida, sobretudo tendo em conta que, no âmbito do pedido efectuado, era solicitada «informação detalhada sobre os intervenientes convidados a participar» nos espaços de noticiário e debate que foram para o ar entre 29 de Setembro e 29 de Outubro.
6. Ainda nesta matéria, os promotores da petição lamentam, por um lado, que apenas a RTPN e a SIC / SIC Notícias tenham respondido à solicitação da ERC, na medida em que tal evidencia, por parte dos directores de informação não respondentes, um efectivo, inaceitável e incompreensível desprezo pela percepção de um conjunto significativo de cidadãos em relação à falta de pluralismo no debate político-económico. Por outro lado, pretendem igualmente os promotores da petição repudiar o modo autista e a argumentação rudimentar de que se socorreu o Director de Informação da SIC e da SIC Notícias na resposta às suas preocupações. Esclarecendo a ERC da «quase impossibilidade de registarmos a totalidade dos intervenientes convidados a participar» (sic), considera o Director de Informação daquela estação televisiva como «insultuosas e pouco próprias da tolerância e pluralismo que caracterizam os regimes democráticos» certas expressões do texto da Petição. Ora, no entendimento dos promotores, o que caracteriza a democracia é precisamente a ideia de que a tolerância e o pluralismo devem ser objecto de incessante vigilância cidadã, cabendo aos os meios de comunicação social, pela sua própria natureza, aprofundar constantemente esse desiderato.
7. Na deliberação que produziu, a ERC reconhece que «a petição coloca uma problemática difícil de abarcar, na medida em que tem na sua origem distintas concepções ideológicas relativas ao funcionamento do sistema económico-financeiro, que transcendem em larga medida qualquer representação de base político-partidária (ou de outra natureza), tornando-se particularmente complexo definir um quadro de referência conceptual para informar a análise». Esta declaração de impotência, a que a ERC anexa o reconhecimento da manifesta falta de resposta por parte dos serviços de programas, leva a uma conclusão. Tratando-se de uma questão que não se resolve com uma mera seriação de nomes e tempos de intervenção, por um lado, e constatando um dominante mutismo da parte dos responsáveis, por outro, sabemos o que já suspeitávamos: que o tema exige um estudo rigoroso, baseado em métodos qualitativos de análise de discurso, bem como a recolha de pareceres a um painel plural de especialistas em Economia e em informação económica. Só desse modo a análise da ERC teria sido capaz de apreciar rigorosa e criticamente os discursos produzidos e aferir a existência (ou não) de um silenciamento de determinados sectores sociais e de determinadas leituras científicas, alternativas, do real.
8. Mas a confessada impotência da ERC para tratar aprofundadamente as questões suscitadas pela petição (sendo expresso no relatório que esta entidade «muito dificilmente» poderia ter elaborado «um juízo substantivo e firme sobre a actuação dos diferentes meios de comunicação», no contexto da apresentação do PEC III), não impedem esta entidade, curiosamente, de tecer algumas considerações que apontam para a existência de pluralismo no debate político-económico. De outro modo não podem os promotores da petição interpretar, de facto, duas das três conclusões que decorrem da análise do período entre 14 e 20 de Fevereiro de
9. Na análise e fundamentação com que conclui o documento, a ERC entende ainda destacar a circunstância da a petição não aprofundar nem concretizar os factos em que se baseia a reclamação apresentada, argumentando que os peticionários não assinalam os programas específicos que teriam constituído uma violação do pluralismo nem indicam os especialistas que poderiam expressar visões alternativas. Quanto ao primeiro ponto, importa sublinhar que uma das razões centrais que levaram os promotores a dirigir a petição à ERC reside precisamente na expectativa, defraudada, de que esta entidade pudesse competentemente proceder à análise dos discursos e correntes de opinião expressos, de modo a identificar os programas em que o monolitismo da discussão se revelasse mais pronunciado, bem como aquilatar, com fundamento, da situação geral do pluralismo de opinião do debate político-económico. Quanto ao segundo ponto, declaram os promotores da petição não pretender, de maneira alguma, apresentar cardápios alternativos de comentário político-económico. Lembramos, aliás, que no próprio texto da petição manifestámos a convicção de que o monolitismo de opinião seria igualmente preocupante caso o défice de pluralismo revelasse um sentido contrário àquele que percepcionamos. Isto é, um cenário em que os cidadãos se vissem privados de contactar com os argumentos dos comentadores que perfilham as políticas de austeridade, justamente aqueles que consideramos proliferam excessivamente no actual panorama televisivo, em detrimento das opiniões que sustentam perspectivas alternativas a esta via de resolução dos problemas do país. O pressuposto de que partimos é o de que os responsáveis pelos programas de informação e debate têm – ou deveriam ter – um conhecimento mínimo das diversas correntes de pensamento económico, designadamente dos discursos alternativos que vão aparecendo em alguns jornais e em blogues, bem como da profundidade das divergências que sobre estes temas se expressam nas universidades e nos centros de investigação. Assim, sendo o resultado de uma percepção partilhada, não nos sentimos acometidos à tarefa de elaborar um estudo prévio que pudesse dar sustentação à queixa, para o qual não dispúnhamos aliás de meios, na expectativa que tal empreitada pudesse e devesse – como é legítimo supor – ser desenvolvida pela ERC.
10. Será dado conhecimento desta resposta à deliberação da ERC e do respectivo relatório que a suporta aos subscritores da petição, aos órgãos de comunicação social, aos directores de informação dos diferentes canais televisivos, a jornalistas que se dedicam à análise da comunicação social, ao Presidente da Assembleia da República e aos Grupos Parlamentares nela representados.
Lisboa, 31 de Março de 2011
Os promotores da Petição pelo pluralismo de opinião no debate político-económico
quinta-feira, 3 de março de 2011
As ideias contam
"A inexistência de um verdadeiro diálogo sobre a crise é impeditiva da formação de uma opinião pública informada e melhor preparada para escrutinar as soluções apresentadas, o que fragiliza a participação cidadã na tomada de decisão em questões que afectam a nossa vida colectiva. Mas a economia a todos diz respeito. Todos fazemos parte dela e dela dependemos, individual e colectivamente. Surge, então, a questão de saber quem deve ou não participar no debate económico. Podemos todos participar nesse debate? Ou deverá a economia ser deixada aos economistas?"
O abismo do ciclo austeritário prossegue. Perante a evidência da catástrofe económica e social dos seus resultados, nenhuma ilacção se retira, nenhuma lição se colhe. A agenda económica neoliberal prevalece, coloniza o espaço mediático e bloqueia a discussão de alternativas. A crise económica é também uma crise da democracia.
Integrada no Ciclo de Debates Saberes em Diálogo, a sessão "As ideias contam: Economia, crise e democracia" realiza-se no Centro de Estudos Sociais, em Coimbra, no dia 3 de Março às 14.30h, contando com a presença de Ana Cordeiro Santos, Manuel Rodrigues, Cristina Andrade, Pedro Lains, Sandra Monteiro e Nuno Serra.
O abismo do ciclo austeritário prossegue. Perante a evidência da catástrofe económica e social dos seus resultados, nenhuma ilacção se retira, nenhuma lição se colhe. A agenda económica neoliberal prevalece, coloniza o espaço mediático e bloqueia a discussão de alternativas. A crise económica é também uma crise da democracia.
Integrada no Ciclo de Debates Saberes em Diálogo, a sessão "As ideias contam: Economia, crise e democracia" realiza-se no Centro de Estudos Sociais, em Coimbra, no dia 3 de Março às 14.30h, contando com a presença de Ana Cordeiro Santos, Manuel Rodrigues, Cristina Andrade, Pedro Lains, Sandra Monteiro e Nuno Serra.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Ecos na blogosfera (6)
A Banca rota, o futuro dos portugueses e muito mais
Por Manuel Brandão Alves
A Areia dos Dias
Com este post é minha intenção procurar chamar a atenção para “novidades” que vêm acontecendo e que em muito condicionam o futuro das portuguesas e dos portugueses. A algumas destas questões já fiz alusão em posts anteriores.
Nas últimas semanas muito se tem falado, senão ameaçado, com a possibilidade de bancarrota do Estado Português. Com o clima criado, voluntariamente ou não, têm-se vindo a suscitar estados de ansiedade e de medo sobre uma parte importante, porventura a menos esclarecida, da sociedade portuguesa.
Simultaneamente, têm vindo a ser divulgadas posturas e iniciativas que abrem horizontes de esperança ao nosso orgulho de “ser colectivo”. Vide por ex.: a petição sobre o “Pluralismo de opinião no debate político económico”, o último programa de “A voz do cidadão” da RTP 1 e a entrevista do Prof. Nuno Ferrand de Almeida ao Público.
Mas vamos por partes. Antes de mais a bancarrota. Até há relativamente poucas décadas não era muito comum falar-se de bancarrota a propósito dos Estados. Quem ia à bancarrota eram as empresas ou as pessoas. Tal acontecia quando deixavam de ser capazes de cumprir os seus compromissos, ficando numa situação de insolvência ou falência. Os Estados, dada a sua natureza, nunca seriam candidatos a situações de falência. A crescente interdependência dos Estados torna a perspectiva da bancarrota mais real.
No título acima quis chamar a atenção para a fragilidade das situações de bancarrota e, por isso escrevi “banca rota”. Quer isto dizer que, no caso dos bancos, eles estariam como que rotos, i. e. incapazes de segurarem tudo o que lá se coloque. A imagem é sugestiva, mas não é necessariamente verdadeira. Hoje, por ex. temos vindo a verificar que os bancos precisam de mais e mais dinheiro, para poderem conceder crédito, e é para isso para que eles existem e se tornam indispensáveis. O problema não está no exercício desta sua vocação genérica, mas na utilização dos créditos que concedem, não poucas vezes para financiamento de actividades especulativas de alto risco.
Os Bancos financiam-se a taxas de juro baixas (no Banco Central Europeu (BCE), por ex.) para depois colocarem os capitais assim disponibilizados em mercados com taxas de juro mais do que compensadoras, como por ex. o financiamento da dívida dos EUA. Só que as taxas de juro baixas do BCE somos todos nós que as pagamos, e os capitais que deveriam servir para financiar o arranque das nossas economias têm destinos diversos, como se vê.
(Ler aqui o artigo na íntegra)
Por Manuel Brandão Alves
A Areia dos Dias
Com este post é minha intenção procurar chamar a atenção para “novidades” que vêm acontecendo e que em muito condicionam o futuro das portuguesas e dos portugueses. A algumas destas questões já fiz alusão em posts anteriores.
Nas últimas semanas muito se tem falado, senão ameaçado, com a possibilidade de bancarrota do Estado Português. Com o clima criado, voluntariamente ou não, têm-se vindo a suscitar estados de ansiedade e de medo sobre uma parte importante, porventura a menos esclarecida, da sociedade portuguesa.
Simultaneamente, têm vindo a ser divulgadas posturas e iniciativas que abrem horizontes de esperança ao nosso orgulho de “ser colectivo”. Vide por ex.: a petição sobre o “Pluralismo de opinião no debate político económico”, o último programa de “A voz do cidadão” da RTP 1 e a entrevista do Prof. Nuno Ferrand de Almeida ao Público.
Mas vamos por partes. Antes de mais a bancarrota. Até há relativamente poucas décadas não era muito comum falar-se de bancarrota a propósito dos Estados. Quem ia à bancarrota eram as empresas ou as pessoas. Tal acontecia quando deixavam de ser capazes de cumprir os seus compromissos, ficando numa situação de insolvência ou falência. Os Estados, dada a sua natureza, nunca seriam candidatos a situações de falência. A crescente interdependência dos Estados torna a perspectiva da bancarrota mais real.
No título acima quis chamar a atenção para a fragilidade das situações de bancarrota e, por isso escrevi “banca rota”. Quer isto dizer que, no caso dos bancos, eles estariam como que rotos, i. e. incapazes de segurarem tudo o que lá se coloque. A imagem é sugestiva, mas não é necessariamente verdadeira. Hoje, por ex. temos vindo a verificar que os bancos precisam de mais e mais dinheiro, para poderem conceder crédito, e é para isso para que eles existem e se tornam indispensáveis. O problema não está no exercício desta sua vocação genérica, mas na utilização dos créditos que concedem, não poucas vezes para financiamento de actividades especulativas de alto risco.
Os Bancos financiam-se a taxas de juro baixas (no Banco Central Europeu (BCE), por ex.) para depois colocarem os capitais assim disponibilizados em mercados com taxas de juro mais do que compensadoras, como por ex. o financiamento da dívida dos EUA. Só que as taxas de juro baixas do BCE somos todos nós que as pagamos, e os capitais que deveriam servir para financiar o arranque das nossas economias têm destinos diversos, como se vê.
(Ler aqui o artigo na íntegra)
domingo, 7 de novembro de 2010
A Voz do Cidadão
O programa do Provedor da RTP, Prof. Paquete de Oliveira, ontem transmitido na RTP1, dedicado à Petição. Retransmissão hoje, dia 7, às 14.44h na RTP2 e na RTPN às 20.30h. Como o tempo voa, a RTP Memória retransmite às 20.55h.
sábado, 6 de novembro de 2010
Ecos na blogosfera (5)
Pluralidade no debate ou tempo de antena ?
Por JP Santos
Economia Política
Corre pela internet uma petição pelo pluralismo de opinião no debate político-económico. É uma posição com que simpatizo, não só porque acredito nas virtudes de um debate franco e aberto em que se defrontem as várias posições e perspectivas para a própria ciência económica, como penso que esse debate é ainda mais necessário num contexto de crise económica e financeira que está e irá continuar a conduzir a uma revisão do próprio quadro institucional de governação económica e financeira global e temo, pessoalmente, que, nomeadamente no contexto da União Europeia, essa revisão estará a ser dominada por um pensamento económico ortodoxo que não considero ser o mais adequado para a solução dos desafios que enfrentamos.
Julgo que o papel dinamizador desse debate deve ser sobretudo dinamizado no mundo académico, mas considero que também seria importante que esse debate fosse alaragado à sociedade em geral através dos meios de comunicação.
Mas, apesar disso, não subscrevi nem irei subscrever a petição. E não o farei porque considero que o debate deve ser vivo e até acalorado mas para que possa ser útil e frutuoso é necessário que haja, de todas as partes, um respeito mútuo pelas respectivas posições. Não é possível fazer qualquer debate sério e objectivo com o uso e abuso de uma retórica ad hominem, da caricatura e da distorção das posições dos "adversários" que infelizmente abunda nos círculos que, nomeadamente na blogosfera, tem vindo a promover esta petição e que são exemplificados em posts como este ou este.
Respeito profundamente as posições do Professor José Reis e do José Castro Caldas, que procuro sempre ouvir com toda a atenção. Mas não posso deixar de me sentir perturbado sobretudo pelo segundo post. Desde logo pelo título "Como o abaixo assinado a favor do pluralismo na informação já teve efeitos", pois pensava eu que a ideia era promover o "debate" mas parece que afinal se trata de defender a "pluralidade de informação" o que revela uma perigosa "confusão" perigosa entre "debate/comentário" e "informação". Mas o pior é a forma como o post revela um desprezo absoluto pelas outras posições expressas pelo debate e se caracteriza pelo uso de uma linguagem que de facto inviabiliza qualquer debate sério e objectivo. Algo que não é compatível com a utilização de expressões demasiado coloridas como "regabofe", "arrazoado de mentiras", "rouba os trabalhadores" ou "figurões do bloco central".
Sou completamente a favor de debate político-económico mais alaragdo, mas não contem comigo para reinvidicar tempos de antena.
Por JP Santos
Economia Política
Corre pela internet uma petição pelo pluralismo de opinião no debate político-económico. É uma posição com que simpatizo, não só porque acredito nas virtudes de um debate franco e aberto em que se defrontem as várias posições e perspectivas para a própria ciência económica, como penso que esse debate é ainda mais necessário num contexto de crise económica e financeira que está e irá continuar a conduzir a uma revisão do próprio quadro institucional de governação económica e financeira global e temo, pessoalmente, que, nomeadamente no contexto da União Europeia, essa revisão estará a ser dominada por um pensamento económico ortodoxo que não considero ser o mais adequado para a solução dos desafios que enfrentamos.
Julgo que o papel dinamizador desse debate deve ser sobretudo dinamizado no mundo académico, mas considero que também seria importante que esse debate fosse alaragado à sociedade em geral através dos meios de comunicação.
Mas, apesar disso, não subscrevi nem irei subscrever a petição. E não o farei porque considero que o debate deve ser vivo e até acalorado mas para que possa ser útil e frutuoso é necessário que haja, de todas as partes, um respeito mútuo pelas respectivas posições. Não é possível fazer qualquer debate sério e objectivo com o uso e abuso de uma retórica ad hominem, da caricatura e da distorção das posições dos "adversários" que infelizmente abunda nos círculos que, nomeadamente na blogosfera, tem vindo a promover esta petição e que são exemplificados em posts como este ou este.
Respeito profundamente as posições do Professor José Reis e do José Castro Caldas, que procuro sempre ouvir com toda a atenção. Mas não posso deixar de me sentir perturbado sobretudo pelo segundo post. Desde logo pelo título "Como o abaixo assinado a favor do pluralismo na informação já teve efeitos", pois pensava eu que a ideia era promover o "debate" mas parece que afinal se trata de defender a "pluralidade de informação" o que revela uma perigosa "confusão" perigosa entre "debate/comentário" e "informação". Mas o pior é a forma como o post revela um desprezo absoluto pelas outras posições expressas pelo debate e se caracteriza pelo uso de uma linguagem que de facto inviabiliza qualquer debate sério e objectivo. Algo que não é compatível com a utilização de expressões demasiado coloridas como "regabofe", "arrazoado de mentiras", "rouba os trabalhadores" ou "figurões do bloco central".
Sou completamente a favor de debate político-económico mais alaragdo, mas não contem comigo para reinvidicar tempos de antena.
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Programa do Provedor RTP
Tendo tido conhecimento da Petição pelo pluralismo de opinião no debate político-económico, e sensibilizado pelas questões que a mesma suscita, o Provedor do Telespectador da RTP, Paquete de Oliveira, entendeu dedicar a próxima emissão do programa "A Voz do Cidadão" a esta iniciativa.
O programa será emitido na RTP1 no próximo sábado, a partir das 21.00h e no domingo, na RTP2, às 14.45h.
O programa será emitido na RTP1 no próximo sábado, a partir das 21.00h e no domingo, na RTP2, às 14.45h.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Entrega da Petição
O texto e lista de signatários da Petição pelo pluralismo no debate político-económico foi enviado, como inicialmente estabelecido, às direcções de programas da RTP, SIC e TVI; a responsáveis por programas de debate político e económico(*), aos grupos parlamentares com representação na Assembleia da República e à Entidade Reguladora para a Comunicação Social.
O êxito da petição em muito deve à divulgação que dela fizeram numerosos blogues. Correndo seriamente o risco de omissões, aqui fica o agradecimento dos promotores desta iniciativa aos seguintes: 2+2=5, 5 dias, A Educação do meu Umbigo, A Terceira Noite, Abrasivo, Arrastão, Arre macho, Arsenal dos Inválidos, Attac Portugal, Blogo Social Português, Conticasosnet, Conversa Avinagrada, Defender o Quadrado, Entre as brumas da memória, Esquerda.net, Ladrões de Bicicletas, Luminária, Mãos Visíveis, Ma-schamba, Minoria Relativa, O circo lusitano, O melhor e o pior, O que fica do que passa, O tempo das cerejas, Passos Perdidos, Precários Inflexíveis, Suite de Ideias, Vias de Facto.
(*) Programas "Prós e Contras", "Grande Entrevista", "O seu Dinheiro", "Contra-Análise" e "Negócios em Dia" (RTP); "Expresso da Meia Noite", "Negócios da Semana" e "Plano Inclinado" (SIC); "Contas à Vida" e "A verdade dos Números" (TVI).
O êxito da petição em muito deve à divulgação que dela fizeram numerosos blogues. Correndo seriamente o risco de omissões, aqui fica o agradecimento dos promotores desta iniciativa aos seguintes: 2+2=5, 5 dias, A Educação do meu Umbigo, A Terceira Noite, Abrasivo, Arrastão, Arre macho, Arsenal dos Inválidos, Attac Portugal, Blogo Social Português, Conticasosnet, Conversa Avinagrada, Defender o Quadrado, Entre as brumas da memória, Esquerda.net, Ladrões de Bicicletas, Luminária, Mãos Visíveis, Ma-schamba, Minoria Relativa, O circo lusitano, O melhor e o pior, O que fica do que passa, O tempo das cerejas, Passos Perdidos, Precários Inflexíveis, Suite de Ideias, Vias de Facto.
(*) Programas "Prós e Contras", "Grande Entrevista", "O seu Dinheiro", "Contra-Análise" e "Negócios em Dia" (RTP); "Expresso da Meia Noite", "Negócios da Semana" e "Plano Inclinado" (SIC); "Contas à Vida" e "A verdade dos Números" (TVI).
sábado, 30 de outubro de 2010
Comunicado de Imprensa (2)
Preocupados com os termos em que tem sido realizada a discussão mediática das opções económicas do país, um conjunto de cidadãos aderiu à Petição pelo pluralismo de opinião no debate político-económico, cujo conteúdo e lista de signatários se envia em anexo.
Lançada a 5 de Outubro de2010, a petição reuniu mais de 1000 assinaturas na primeira semana, dando assim eco à percepção da existência de um discurso tendencialmente monolítico e redundante no comentário político-económico, tanto em espaços noticiosos como em programas específicos de análise económica. Situação que se revela particularmente expressiva nos canais televisivos, que constituem os meios de comunicação de massas por excelência.
Perante a situação em que o país se encontra, os peticionários consideram que este estreitamento dos termos do debate empobrece de modo muito preocupante a discussão pública das opções em jogo, não espelhando o debate entre diferentes correntes, que atravessa o próprio pensamento económico. Trata-se, por isso, de uma limitação no acesso da opinião pública a visões plurais sobre a actualidade económica, que nega o papel intrínseco de intermediação dos meios de comunicação social.
A petição foi subscrita por personalidades de diversas áreas, da Economia ao Jornalismo, das Artes ao mundo académico. Entre os promotores e peticionários constam André Freire, António Pinho Vargas, Cláudio Teixeira, Daniel Oliveira, Diana Andringa, Isabel do Carmo, Joana Amaral Dias, Joana Lopes, João Galamba, João Rodrigues, José Leitão, José Manuel Pureza, José Maria Castro Caldas, José Reis, Luís Salgado de Matos, Luísa Costa Gomes, Maria Manuela Cruzeiro, Mário Brochado Coelho, Miguel Cardina, Nuno Serra, Paula Godinho, Raimundo Narciso, Rui Bebiano, Rui Tavares, Sandra Monteiro e Vítor Dias.
Exigindo o pluralismo de opinião no debate político económico nos meios de comunicação social, a petição foi remetida às direcções de informação dos diferentes canais de televisão, a responsáveis por programas de análise político-económica e aos meios de comunicação social em geral, sendo igualmente dado conhecimento da mesma aos Grupos Parlamentares e à Alta Autoridade para a Comunicação Social (ERC).
Lisboa, 30 de Outubro de 2010
Lançada a 5 de Outubro de
Perante a situação em que o país se encontra, os peticionários consideram que este estreitamento dos termos do debate empobrece de modo muito preocupante a discussão pública das opções em jogo, não espelhando o debate entre diferentes correntes, que atravessa o próprio pensamento económico. Trata-se, por isso, de uma limitação no acesso da opinião pública a visões plurais sobre a actualidade económica, que nega o papel intrínseco de intermediação dos meios de comunicação social.
A petição foi subscrita por personalidades de diversas áreas, da Economia ao Jornalismo, das Artes ao mundo académico. Entre os promotores e peticionários constam André Freire, António Pinho Vargas, Cláudio Teixeira, Daniel Oliveira, Diana Andringa, Isabel do Carmo, Joana Amaral Dias, Joana Lopes, João Galamba, João Rodrigues, José Leitão, José Manuel Pureza, José Maria Castro Caldas, José Reis, Luís Salgado de Matos, Luísa Costa Gomes, Maria Manuela Cruzeiro, Mário Brochado Coelho, Miguel Cardina, Nuno Serra, Paula Godinho, Raimundo Narciso, Rui Bebiano, Rui Tavares, Sandra Monteiro e Vítor Dias.
Exigindo o pluralismo de opinião no debate político económico nos meios de comunicação social, a petição foi remetida às direcções de informação dos diferentes canais de televisão, a responsáveis por programas de análise político-económica e aos meios de comunicação social em geral, sendo igualmente dado conhecimento da mesma aos Grupos Parlamentares e à Alta Autoridade para a Comunicação Social (ERC).
Lisboa, 30 de Outubro de 2010
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
«os economistas»
Por Nuno Serra
Ladrões de Bicicletas
RTP1, Telejornal, 20.37h. Depois de dissecar a não consumação do acordo entre o Governo e o PSD relativamente ao Orçamento de Estado, José Rodrigues dos Santos (minuto 37 do vídeo) refere que “a ruptura entre o PSD e o governo foi mal recebida pelos economistas”, anunciando assim uma peça com entrevistas a Ferraz da Costa (antigo presidente da CIP), João Salgueiro (ex-presidente da Associação Portuguesa de Bancos), Fernando Ulrich (Presidente do BPI) e Mira Amaral (ministro nos governos de Cavaco Silva).
Estava dada, nos termos em que José Rodrigues dos Santos apresentou o conjunto de entrevistas, a opinião de «os economistas», que o jornalista sintetizaria – perante as questões colocadas – no facto de estes acharem ser “preferível um orçamento adequado e eficaz do que um documento aprovado a qualquer custo”.
Com outro painel, a síntese obtida poderia ser eventualmente a mesma. O ponto não é esse. O ponto é o de se pressupor que, ouvindo estas quatro individualidades, se torna possível conhecer, à partida, a opinião que «os economistas» têm sobre as mais diversas matérias.
Faça-se o exercício de tentar posicionar estes comentadores no espectro político-partidário, no campo de perspectivas do pensamento económico e nas tendências de parecer face a questões concretas. E ter-se-á uma noção clara sobre a estreiteza do conceito de pluralismo de opinião que o serviço público de televisão tem, em matéria de debate económico.
Ladrões de Bicicletas
RTP1, Telejornal, 20.37h. Depois de dissecar a não consumação do acordo entre o Governo e o PSD relativamente ao Orçamento de Estado, José Rodrigues dos Santos (minuto 37 do vídeo) refere que “a ruptura entre o PSD e o governo foi mal recebida pelos economistas”, anunciando assim uma peça com entrevistas a Ferraz da Costa (antigo presidente da CIP), João Salgueiro (ex-presidente da Associação Portuguesa de Bancos), Fernando Ulrich (Presidente do BPI) e Mira Amaral (ministro nos governos de Cavaco Silva).
Estava dada, nos termos em que José Rodrigues dos Santos apresentou o conjunto de entrevistas, a opinião de «os economistas», que o jornalista sintetizaria – perante as questões colocadas – no facto de estes acharem ser “preferível um orçamento adequado e eficaz do que um documento aprovado a qualquer custo”.
Com outro painel, a síntese obtida poderia ser eventualmente a mesma. O ponto não é esse. O ponto é o de se pressupor que, ouvindo estas quatro individualidades, se torna possível conhecer, à partida, a opinião que «os economistas» têm sobre as mais diversas matérias.
Faça-se o exercício de tentar posicionar estes comentadores no espectro político-partidário, no campo de perspectivas do pensamento económico e nas tendências de parecer face a questões concretas. E ter-se-á uma noção clara sobre a estreiteza do conceito de pluralismo de opinião que o serviço público de televisão tem, em matéria de debate económico.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Ecos na blogosfera (4)
A crise e o ilusionismo
Por JAG
Clube dos Jornalistas
Está aberta há duas semanas uma petição na Internet a exigir o pluralismo de opinião na televisão em temas político-económicos (ver notícia aqui). Os promotores entendem que os canais de TV seleccionam os comentadores num grupo muito restrito e que as opiniões expressas naquele meio sobre a crise financeira são redundantes. Dito de um modo mais directo, as televisões impõem um pensamento único. E a verdade é que existe uma grande diversidade de opiniões. A prova é este video intitulado “O grande casino europeu”, que explica em termos simples como se transforma uma dívida privada em dívida pública. É informação alternativa.
Por JAG
Clube dos Jornalistas
Vídeo: El gran casino Europeo |
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Ecos na blogosfera (3)
Pelo pluralismo de informação
P de preconceito
Por Vítor Dias
O Tempo das Cerejas
Numa circunstância nacional de enorme tensão e gravidade sociais e políticas, o PCP realizou ontem uma reunião do seu Comité Central seguida de uma conferência de imprensa de Jerónimo de Sousa e da divulgação do comunicado que pode ser lido aqui. Pois acontece que no Público (e também no DN a avaliar pela consulta da edição online) não há a mais pequena referência àquela reunião e às suas conclusões. Saibam entretanto os leitores que o Público - e muito bem - continuou, na sua edição de hoje, a dedicar várias páginas a escapelizar a proposta de Orçamento mas já entendeu inconveniente colar-lhes as críticas do PCP. E saibam também os leitores que ao Público não faltou espaço para dedicar uma página inteira à proposta de revisão constitucional do PS (oh momentosa e crucial questão !), meia página às cenas de faca e alguidar que se vivem na Federação do PS de Coimbra, uma página inteira (que não contesto) às espécies de plantas que existem em Portugal e ainda umas linhas com as opiniões de João Duque, Jorge Miranda e António Pires de Lima sobre os cenários políticos próximos.
Pois é, como os leitores poderão ver na barra lateral direita, também neste blogue se promove a petição em curso pelo "pluralismo de opinião no debate político-económico". Bom será porém que não se esqueça que, como se vê pela amostra junta, continua actual e candente a luta pelo pluralismo na informação.
P de preconceito
Por Vítor Dias
O Tempo das Cerejas
Numa circunstância nacional de enorme tensão e gravidade sociais e políticas, o PCP realizou ontem uma reunião do seu Comité Central seguida de uma conferência de imprensa de Jerónimo de Sousa e da divulgação do comunicado que pode ser lido aqui. Pois acontece que no Público (e também no DN a avaliar pela consulta da edição online) não há a mais pequena referência àquela reunião e às suas conclusões. Saibam entretanto os leitores que o Público - e muito bem - continuou, na sua edição de hoje, a dedicar várias páginas a escapelizar a proposta de Orçamento mas já entendeu inconveniente colar-lhes as críticas do PCP. E saibam também os leitores que ao Público não faltou espaço para dedicar uma página inteira à proposta de revisão constitucional do PS (oh momentosa e crucial questão !), meia página às cenas de faca e alguidar que se vivem na Federação do PS de Coimbra, uma página inteira (que não contesto) às espécies de plantas que existem em Portugal e ainda umas linhas com as opiniões de João Duque, Jorge Miranda e António Pires de Lima sobre os cenários políticos próximos.
Pois é, como os leitores poderão ver na barra lateral direita, também neste blogue se promove a petição em curso pelo "pluralismo de opinião no debate político-económico". Bom será porém que não se esqueça que, como se vê pela amostra junta, continua actual e candente a luta pelo pluralismo na informação.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Como o abaixo-assinado a favor do pluralismo na informação já teve efeitos
Por Jorge Nascimento Fernandes
Trix-Nitrix
O Expresso da Meia Noite, da SIC Notícias, provavelmente envergonhado por escolher sempre gente com o mesmo pensamento económico, resolveu nos dois últimos debates que realizou convidar, no anterior, Francisco Louçã e, neste último, fartura das farturas, José Reis, professor de economia em Coimbra, que parece que é da área do PS, mas que tem dado colaboração a muitas iniciativas da esquerda à esquerda do PS, e o Ladrão de Bicicletas José Maria Castro Caldas. Os outros eram os do costume, de quem já nem me recordo o nome.
José Reis insurgiu-se contra a atitude da Nova Europa dominada pela Alemanha da Sr.ª Angela Merkel, que, num egoísmo extremo, impede o Banco Central Europeu de resolver as dificuldades económicas dos Estados aflitos. Ou seja, empresta aos bancos e não empresta aos Estados e estes, para se financiarem, têm que pagar os juros que aqueles lhes exigem. Um verdadeiro regabofe. Primeira verdade que neste arrazoado de mentiras e desinformação coloca a UE, e o tratado de Lisboa, como os principais responsáveis pela situação deplorável a que chegaram os Estados mais frágeis do Sul da Europa.
José Maria Castro Caldas, mais incisivo ainda, adiantou que o que se estava a passar correspondia a situações anteriores em que os Estados para baixar os salários e facilitar as exportações, em vez de desvalorizar a moeda, que presentemente não é possível porque estamos no Euro, impõe um orçamento extremamente recessivo, que na prática diminui os salários. Em qualquer dos casos rouba os trabalhadores, diminuindo o seu poder de compra e não garantindo o aumento das exportações.
Em segundo lugar atacou, e bem, as parcerias público privadas, considerando que os contratos estabelecidos com as empresas eram sempre ruinosos para o Estado, na medida em que depois de ter corrido com o pessoal especializado na elaboração destes contratos, atribuía a gabinetes de advogados a sua redacção, que de um modo geral também trabalhavam para a parte contrária. Todos lucravam, menos um, que é o Estado.
Aqui temos pois que quando se permite que opiniões diferentes cheguem aos ecrãs da televisão algumas verdades vêm ao de cima. No entanto, é bom chamarmos a atenção para isto: primeiro, este programa foi interrompido permanentemente com reportagens da Assembleia da República onde todo o momento estava para chegar a pen com o orçamento, o que perturbou imenso a fluência do debate. Segundo, Ricardo Costa estava constantemente a interromper Castro Caldas, com aquelas perguntas que a ideologia dominante utiliza sempre nestas circunstâncias, quebrando a fluidez do discurso daquele economista.
Mas não era passado um dia sobre esta pequena conquista na televisão, quando é anunciado que a TV do Estado, a RTP2, tinha contratado para seus comentadores os economistas Daniel Bessa e Victor Bento. Dois figurões do bloco central que lá irão reproduzir o pensamento económico dominante.
Trix-Nitrix
O Expresso da Meia Noite, da SIC Notícias, provavelmente envergonhado por escolher sempre gente com o mesmo pensamento económico, resolveu nos dois últimos debates que realizou convidar, no anterior, Francisco Louçã e, neste último, fartura das farturas, José Reis, professor de economia em Coimbra, que parece que é da área do PS, mas que tem dado colaboração a muitas iniciativas da esquerda à esquerda do PS, e o Ladrão de Bicicletas José Maria Castro Caldas. Os outros eram os do costume, de quem já nem me recordo o nome.
José Reis insurgiu-se contra a atitude da Nova Europa dominada pela Alemanha da Sr.ª Angela Merkel, que, num egoísmo extremo, impede o Banco Central Europeu de resolver as dificuldades económicas dos Estados aflitos. Ou seja, empresta aos bancos e não empresta aos Estados e estes, para se financiarem, têm que pagar os juros que aqueles lhes exigem. Um verdadeiro regabofe. Primeira verdade que neste arrazoado de mentiras e desinformação coloca a UE, e o tratado de Lisboa, como os principais responsáveis pela situação deplorável a que chegaram os Estados mais frágeis do Sul da Europa.
José Maria Castro Caldas, mais incisivo ainda, adiantou que o que se estava a passar correspondia a situações anteriores em que os Estados para baixar os salários e facilitar as exportações, em vez de desvalorizar a moeda, que presentemente não é possível porque estamos no Euro, impõe um orçamento extremamente recessivo, que na prática diminui os salários. Em qualquer dos casos rouba os trabalhadores, diminuindo o seu poder de compra e não garantindo o aumento das exportações.
Em segundo lugar atacou, e bem, as parcerias público privadas, considerando que os contratos estabelecidos com as empresas eram sempre ruinosos para o Estado, na medida em que depois de ter corrido com o pessoal especializado na elaboração destes contratos, atribuía a gabinetes de advogados a sua redacção, que de um modo geral também trabalhavam para a parte contrária. Todos lucravam, menos um, que é o Estado.
Aqui temos pois que quando se permite que opiniões diferentes cheguem aos ecrãs da televisão algumas verdades vêm ao de cima. No entanto, é bom chamarmos a atenção para isto: primeiro, este programa foi interrompido permanentemente com reportagens da Assembleia da República onde todo o momento estava para chegar a pen com o orçamento, o que perturbou imenso a fluência do debate. Segundo, Ricardo Costa estava constantemente a interromper Castro Caldas, com aquelas perguntas que a ideologia dominante utiliza sempre nestas circunstâncias, quebrando a fluidez do discurso daquele economista.
Mas não era passado um dia sobre esta pequena conquista na televisão, quando é anunciado que a TV do Estado, a RTP2, tinha contratado para seus comentadores os economistas Daniel Bessa e Victor Bento. Dois figurões do bloco central que lá irão reproduzir o pensamento económico dominante.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
RTP - A leste do Pluralismo
Por Joana Lopes
Entre as brumas da memória
Na Petição pelo pluralismo de opinião no debate político-económico, ainda em fase de recolha de assinaturas mas que será em breve encerrada, especifica-se uma exigência dirigida «em particular às televisões e, sobretudo, àquela a quem compete prestar “serviço público”»
Acontece que, entretanto, por mera coincidência ou nem por isso, parece existir uma especial atenção da SIC nos últimos dias (Expresso da Meia-Noite de 15 de Outubro com José Reis e José Castro caldas, oh, meu deus!...). Já a RTP avança em sentido oposto e anuncia como comentadores permanentes os economistas Daniel Bessa e Vítor Bento.
Comentários para quê…Mas razão adicional para se pressionar quem de direito, numa última oportunidade para assinar e divulgar a Petição.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Ecos na imprensa (4)
Petição exige pluralismo na análise à crise económica
A.23 Online, 18 de Outubro
Uma petição na Internet a exigir o pluralismo de opinião na televisão em temas político-económicos ultrapassou as mil assinaturas em menos de uma semana, anunciaram hoje os responsáveis. Em nota, os promotores, que gerem também o blogue Pluralismo no Debate, insurgem-se “contra o tom monolítico e redundante que tem dominado os meios de comunicação social” na “análise da crise e à apreciação das medidas de austeridade em curso”, o que, defendem, “resulta em larga medida do convite recorrente a um leque muito limitado de comentadores, em regra alinhados com uma única perspetiva sobre as questões em debate”.
Nuno Serra, um dos promotores da petição, explicou à Lusa que foi “a estranheza e a perplexidade” com o facto de os meios de comunicação, nomeadamente as televisões de canal aberto, apresentarem “uma redundância de opiniões face à situação financeira do país e ao momento de crise que o país e a Europa atravessam”.
“Vemos normalmente as mesmas caras e o discurso económico tem uma divergência mínima. Esperaríamos dos meios de comunicação, nomeadamente das televisões de canal aberto, que dessem conta desse pluralismo de opiniões do debate intenso que se tem travado no seio da economia e aquilo que constatamos é que o âmbito da discussão é feito de uma forma absolutamente confinada”, afirmou.
Para Nuno Serra, o debate mediático da política económica nacional “parte de vários pressupostos” que não são universais: a discussão mediática da economia portuguesa assume que “o único caminho a seguir é o do combate ao défice e a recusa de políticas expansionistas que pudessem causar a retoma da economia”.
O promotor da petição considera que “a perplexidade é essa, porque os meios de comunicação deverão ser os primeiros a promover o contraditório, quando esse debate existe na academia e nas diferentes políticas que os Estados Unidos da América estão a adotar”, mas “a Europa continua, infelizmente, numa perspetiva de continuidade de políticas que estiveram, afinal, por detrás da crise”.
Os organizadores da petição consideram existir um “preocupante silenciamento” de sectores político-sociais e de “reputados economistas que têm contestado a lógica das medidas adotadas”, exigindo aos media, “em particular às televisões, e sobretudo àquela a quem compete prestar serviço público”, que “respeitem o pluralismo no debate político-económico”.
Menos do que isso, dizem, “é ficar aquém da democracia e do esclarecimento”.
A petição tem como destinatários as direções de informação das televisões, outros órgãos de comunicação social, grupos parlamentares com representação na Assembleia da República e a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).
A.23 Online, 18 de Outubro
Uma petição na Internet a exigir o pluralismo de opinião na televisão em temas político-económicos ultrapassou as mil assinaturas em menos de uma semana, anunciaram hoje os responsáveis. Em nota, os promotores, que gerem também o blogue Pluralismo no Debate, insurgem-se “contra o tom monolítico e redundante que tem dominado os meios de comunicação social” na “análise da crise e à apreciação das medidas de austeridade em curso”, o que, defendem, “resulta em larga medida do convite recorrente a um leque muito limitado de comentadores, em regra alinhados com uma única perspetiva sobre as questões em debate”.
Nuno Serra, um dos promotores da petição, explicou à Lusa que foi “a estranheza e a perplexidade” com o facto de os meios de comunicação, nomeadamente as televisões de canal aberto, apresentarem “uma redundância de opiniões face à situação financeira do país e ao momento de crise que o país e a Europa atravessam”.
“Vemos normalmente as mesmas caras e o discurso económico tem uma divergência mínima. Esperaríamos dos meios de comunicação, nomeadamente das televisões de canal aberto, que dessem conta desse pluralismo de opiniões do debate intenso que se tem travado no seio da economia e aquilo que constatamos é que o âmbito da discussão é feito de uma forma absolutamente confinada”, afirmou.
Para Nuno Serra, o debate mediático da política económica nacional “parte de vários pressupostos” que não são universais: a discussão mediática da economia portuguesa assume que “o único caminho a seguir é o do combate ao défice e a recusa de políticas expansionistas que pudessem causar a retoma da economia”.
O promotor da petição considera que “a perplexidade é essa, porque os meios de comunicação deverão ser os primeiros a promover o contraditório, quando esse debate existe na academia e nas diferentes políticas que os Estados Unidos da América estão a adotar”, mas “a Europa continua, infelizmente, numa perspetiva de continuidade de políticas que estiveram, afinal, por detrás da crise”.
Os organizadores da petição consideram existir um “preocupante silenciamento” de sectores político-sociais e de “reputados economistas que têm contestado a lógica das medidas adotadas”, exigindo aos media, “em particular às televisões, e sobretudo àquela a quem compete prestar serviço público”, que “respeitem o pluralismo no debate político-económico”.
Menos do que isso, dizem, “é ficar aquém da democracia e do esclarecimento”.
A petição tem como destinatários as direções de informação das televisões, outros órgãos de comunicação social, grupos parlamentares com representação na Assembleia da República e a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).
domingo, 17 de outubro de 2010
Ecos na imprensa (3)
Porque não mudam os políticos?
Actores do complexo político-mediático português tendem a eternizar-se, o que leva à ausência de novos ângulos de abordagem
Fátima Mariano
Jornal de Notícias, 17 de Outubro
A crítica foi feita na última semana pelo antigo presidente da República Jorge Sampaio: os rostos da política portuguesa não se alteraram nos últimos 30 anos, apenas envelheceram. E é imperativo que haja um rejuvenescimento nesta área para bem da saúde democrática, defende Sampaio.
Embora esta continuidade tenha vantagens, porque a profissionalização significa ter pessoas melhor qualificadas nas áreas em que vão trabalhar, como defende Manuel Merinho, da Universidade de Lisboa, também tem o seu lado negativo. "Esta cristalização limita potencialmente as ideias e o envolvimento dos cidadãos nos partidos", sustenta Carlos Jalali, da Universidade de Aveiro.
Na área do comentário político-económico, sobretudo em televisão, o cenário não é muito diferente e está, também, sujeito a críticas. Há cerca de uma semana foi lançada um petição online "contra o tom monolítico e redundante que tem dominado os meios de comunicação social" na "análise da crise e à apreciação das medidas de austeridade em curso", o que, defendem os seus promotores, "resulta em larga medida do convite recorrente a um leque muito limitado de comentadores, em regra alinhados com uma única perspectiva sobre as questões em debate".
Investigadores na área da comunicação social consideram que esta realidade se deve, por um lado, ao facto de os canais de televisão "arriscarem muito pouco, pelos investimentos envolvidos" e, por outro, não investirem tempo na procura de novos rostos, que consigam aportar novos ângulos sobre a vida nacional.
Críticas rejeitadas pelos directores de informação dos três canais generalistas de televisão, que defendem haver novos comentadores e novas opiniões.
Habituámo-nos a vê-los ano após ano no espaço político-mediático. Ocupando cargos partidários, de governação ou na administração de institutos ou empresas públicas. Muitos começaram a entrar na esfera pública como militantes das juventudes partidárias e/ou líderes estudantis. Outros, uma minoria, iniciaram-se como independentes, mas acabaram por inscreverem-se nos partidos políticos.
O antigo chefe de Estado, Jorge Sampaio, criticou, na última semana, esta realidade, dizendo que os rostos da política portuguesa pouco se alteraram nas últimas três décadas e defendendo a necessidade do seu rejuvenescimento. Mas esta fraca renovação das elites político-partidárias tem um lado positivo para as democracias, defende Manuel Meirinho, professor de Ciência Política no Instituto Superior de Ciências Sociais e Política da Universidade Técnica de Lisboa. (...)
(Ler aqui o artigo na íntegra)
Actores do complexo político-mediático português tendem a eternizar-se, o que leva à ausência de novos ângulos de abordagem
Fátima Mariano
Jornal de Notícias, 17 de Outubro
A crítica foi feita na última semana pelo antigo presidente da República Jorge Sampaio: os rostos da política portuguesa não se alteraram nos últimos 30 anos, apenas envelheceram. E é imperativo que haja um rejuvenescimento nesta área para bem da saúde democrática, defende Sampaio.
Embora esta continuidade tenha vantagens, porque a profissionalização significa ter pessoas melhor qualificadas nas áreas em que vão trabalhar, como defende Manuel Merinho, da Universidade de Lisboa, também tem o seu lado negativo. "Esta cristalização limita potencialmente as ideias e o envolvimento dos cidadãos nos partidos", sustenta Carlos Jalali, da Universidade de Aveiro.
Na área do comentário político-económico, sobretudo em televisão, o cenário não é muito diferente e está, também, sujeito a críticas. Há cerca de uma semana foi lançada um petição online "contra o tom monolítico e redundante que tem dominado os meios de comunicação social" na "análise da crise e à apreciação das medidas de austeridade em curso", o que, defendem os seus promotores, "resulta em larga medida do convite recorrente a um leque muito limitado de comentadores, em regra alinhados com uma única perspectiva sobre as questões em debate".
Investigadores na área da comunicação social consideram que esta realidade se deve, por um lado, ao facto de os canais de televisão "arriscarem muito pouco, pelos investimentos envolvidos" e, por outro, não investirem tempo na procura de novos rostos, que consigam aportar novos ângulos sobre a vida nacional.
Críticas rejeitadas pelos directores de informação dos três canais generalistas de televisão, que defendem haver novos comentadores e novas opiniões.
Habituámo-nos a vê-los ano após ano no espaço político-mediático. Ocupando cargos partidários, de governação ou na administração de institutos ou empresas públicas. Muitos começaram a entrar na esfera pública como militantes das juventudes partidárias e/ou líderes estudantis. Outros, uma minoria, iniciaram-se como independentes, mas acabaram por inscreverem-se nos partidos políticos.
O antigo chefe de Estado, Jorge Sampaio, criticou, na última semana, esta realidade, dizendo que os rostos da política portuguesa pouco se alteraram nas últimas três décadas e defendendo a necessidade do seu rejuvenescimento. Mas esta fraca renovação das elites político-partidárias tem um lado positivo para as democracias, defende Manuel Meirinho, professor de Ciência Política no Instituto Superior de Ciências Sociais e Política da Universidade Técnica de Lisboa. (...)
(Ler aqui o artigo na íntegra)
sábado, 16 de outubro de 2010
Ecos na imprensa (2)
Petição na Net pede pluralismo na TV
Em menos de uma semana, a petição já recolheu mais de mil assinaturas de cidadãos
Diário de Notícias, 16 de Outubro
Uma petição na Internet a exigir o pluralismo de opinião na televisão em temas político-económicos ultrapassou as mil assinaturas em menos de uma semana, anunciaram ontem os responsáveis. Em nota, os promotores, que gerem também o blogue Pluralismo no Debate, insurgem-se "contra o tom monolítico e redundante que tem dominado os meios de comunicação social" na "análise da crise e à apreciação das medidas de austeridade em curso", o que, defendem, "resulta em larga medida do convite recorrente a um leque muito limitado de comentadores, em regra alinhados com uma única perspectiva sobre as questões em debate".
Nuno Serra, um dos promotores da petição, explicou à Lusa que foi "a estranheza e a perplexidade" com o facto de os meios de comunicação, nomeadamente as televisões de canal aberto, apresentarem "uma redundância de opiniões face à situação financeira do país e ao momento de crise que o país e a Europa atravessam".
"Vemos normalmente as mesmas caras e o discurso económico tem uma divergência mínima. Esperaríamos dos meios de comunicação, nomeadamente das televisões de canal aberto, que dessem conta desse pluralismo de opiniões do debate intenso que se tem travado no seio da economia e aquilo que constatamos é que o âmbito da discussão é feito de uma forma absolutamente confinada", afirmou. Para Nuno Serra, o debate mediático da política económica nacional "parte de vários pressupostos" que não são universais: a discussão mediática da economia portuguesa assume que "o único caminho a seguir é o do combate ao défice e a recusa de políticas expansionistas que pudessem causar a retoma da economia".
A perplexidade é essa, "porque os meios de comunicação deverão ser os primeiros a promover o contraditório, quando esse debate existe na academia e nas diferentes políticas que os EUA estão a adoptar".
Em menos de uma semana, a petição já recolheu mais de mil assinaturas de cidadãos
Diário de Notícias, 16 de Outubro
Uma petição na Internet a exigir o pluralismo de opinião na televisão em temas político-económicos ultrapassou as mil assinaturas em menos de uma semana, anunciaram ontem os responsáveis. Em nota, os promotores, que gerem também o blogue Pluralismo no Debate, insurgem-se "contra o tom monolítico e redundante que tem dominado os meios de comunicação social" na "análise da crise e à apreciação das medidas de austeridade em curso", o que, defendem, "resulta em larga medida do convite recorrente a um leque muito limitado de comentadores, em regra alinhados com uma única perspectiva sobre as questões em debate".
Nuno Serra, um dos promotores da petição, explicou à Lusa que foi "a estranheza e a perplexidade" com o facto de os meios de comunicação, nomeadamente as televisões de canal aberto, apresentarem "uma redundância de opiniões face à situação financeira do país e ao momento de crise que o país e a Europa atravessam".
"Vemos normalmente as mesmas caras e o discurso económico tem uma divergência mínima. Esperaríamos dos meios de comunicação, nomeadamente das televisões de canal aberto, que dessem conta desse pluralismo de opiniões do debate intenso que se tem travado no seio da economia e aquilo que constatamos é que o âmbito da discussão é feito de uma forma absolutamente confinada", afirmou. Para Nuno Serra, o debate mediático da política económica nacional "parte de vários pressupostos" que não são universais: a discussão mediática da economia portuguesa assume que "o único caminho a seguir é o do combate ao défice e a recusa de políticas expansionistas que pudessem causar a retoma da economia".
A perplexidade é essa, "porque os meios de comunicação deverão ser os primeiros a promover o contraditório, quando esse debate existe na academia e nas diferentes políticas que os EUA estão a adoptar".
Ecos na imprensa (1)
Petição online com mais de 1000 assinaturas exige pluralismo na análise à crise económica
Público, 15 de Outubro (*)
Em nota, os promotores, que gerem também o blogue Pluralismo no Debate, insurgem-se “contra o tom monolítico e redundante que tem dominado os meios de comunicação social” na “análise da crise e à apreciação das medidas de austeridade em curso”, o que, defendem, “resulta em larga medida do convite recorrente a um leque muito limitado de comentadores, em regra alinhados com uma única perspetiva sobre as questões em debate”.
Nuno Serra, um dos promotores da petição, explicou à Lusa que foi “a estranheza e a perplexidade” com o facto de os meios de comunicação, nomeadamente as televisões de canal aberto, apresentarem “uma redundância de opiniões face à situação financeira do país e ao momento de crise que o país e a Europa atravessam”.
“Vemos normalmente as mesmas caras e o discurso económico tem uma divergência mínima. Esperaríamos dos meios de comunicação, nomeadamente das televisões de canal aberto, que dessem conta desse pluralismo de opiniões do debate intenso que se tem travado no seio da economia e aquilo que constatamos é que o âmbito da discussão é feito de uma forma absolutamente confinada”, afirmou.
Para Nuno Serra, o debate mediático da política económica nacional “parte de vários pressupostos” que não são universais: a discussão mediática da economia portuguesa assume que “o único caminho a seguir é o do combate ao défice e a recusa de políticas expansionistas que pudessem causar a retoma da economia”.
O promotor da petição considera que “a perplexidade é essa, porque os meios de comunicação deverão ser os primeiros a promover o contraditório, quando esse debate existe na academia e nas diferentes políticas que os Estados Unidos da América estão a adotar”, mas “a Europa continua, infelizmente, numa perspetiva de continuidade de políticas que estiveram, afinal, por detrás da crise”.
Os organizadores da petição consideram existir um “preocupante silenciamento” de sectores político-sociais e de “reputados economistas que têm contestado a lógica das medidas adotadas”, exigindo aos media, “em particular às televisões, e sobretudo àquela a quem compete prestar serviço público”, que “respeitem o pluralismo no debate político-económico”.
Menos do que isso, dizem, “é ficar aquém da democracia e do esclarecimento”.
A petição tem como destinatários as direções de informação das televisões, outros órgãos de comunicação social, grupos parlamentares com representação na Assembleia da República e a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).
(*) Notícia igualmente referida no blogue Peso & Medida
Público, 15 de Outubro (*)
Em nota, os promotores, que gerem também o blogue Pluralismo no Debate, insurgem-se “contra o tom monolítico e redundante que tem dominado os meios de comunicação social” na “análise da crise e à apreciação das medidas de austeridade em curso”, o que, defendem, “resulta em larga medida do convite recorrente a um leque muito limitado de comentadores, em regra alinhados com uma única perspetiva sobre as questões em debate”.
Nuno Serra, um dos promotores da petição, explicou à Lusa que foi “a estranheza e a perplexidade” com o facto de os meios de comunicação, nomeadamente as televisões de canal aberto, apresentarem “uma redundância de opiniões face à situação financeira do país e ao momento de crise que o país e a Europa atravessam”.
“Vemos normalmente as mesmas caras e o discurso económico tem uma divergência mínima. Esperaríamos dos meios de comunicação, nomeadamente das televisões de canal aberto, que dessem conta desse pluralismo de opiniões do debate intenso que se tem travado no seio da economia e aquilo que constatamos é que o âmbito da discussão é feito de uma forma absolutamente confinada”, afirmou.
Para Nuno Serra, o debate mediático da política económica nacional “parte de vários pressupostos” que não são universais: a discussão mediática da economia portuguesa assume que “o único caminho a seguir é o do combate ao défice e a recusa de políticas expansionistas que pudessem causar a retoma da economia”.
O promotor da petição considera que “a perplexidade é essa, porque os meios de comunicação deverão ser os primeiros a promover o contraditório, quando esse debate existe na academia e nas diferentes políticas que os Estados Unidos da América estão a adotar”, mas “a Europa continua, infelizmente, numa perspetiva de continuidade de políticas que estiveram, afinal, por detrás da crise”.
Os organizadores da petição consideram existir um “preocupante silenciamento” de sectores político-sociais e de “reputados economistas que têm contestado a lógica das medidas adotadas”, exigindo aos media, “em particular às televisões, e sobretudo àquela a quem compete prestar serviço público”, que “respeitem o pluralismo no debate político-económico”.
Menos do que isso, dizem, “é ficar aquém da democracia e do esclarecimento”.
A petição tem como destinatários as direções de informação das televisões, outros órgãos de comunicação social, grupos parlamentares com representação na Assembleia da República e a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).
(*) Notícia igualmente referida no blogue Peso & Medida
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Círculo já sem quadratura
Por Joana Lopes
Entre as brumas da memória
Assisti hoje a uma notável exibição de ausência de um mínimo de pluralismo no debate político: a repetição do programa «Quadratura do Círculo», emitido ontem à noite pela SIC Notícias.
Nem sequer pondo em causa que uma estação de televisão, por ser privada, possa escolher os comentadores que entender, e sendo certo que os elementos que compõem o painel são os mesmos desde há muito, deu-se agora um salto qualitativo no sentido de uma convergência cada vez maior de posições, ancorada na fatídica «inevitabilidade» do destino negro que, «lá fora», outros estão a decidir por nós para os próximos longos tempos.
Só a distribuição de culpas parece distinguir defesas e ataques, já que, quanto ao resto, se ouvem afirmações perfeitamente cristalinas, como esta de Pacheco Pereira: «O que se vai votar é tão importante para o PS como para o PSD e o Orçamento não seria muito diferente se fosse este último a fazê-lo». Sic.
Mais esclarecedora ainda foi a posição assertiva de António Costa, para quem o país tem um verdadeiro problema de governabilidade porque as maiorias absolutas são raras e as coligações difíceis – sobretudo à esquerda, porque 20% do eleitorado (peanuts…) é representado por partidos com os quais não é possível funcionar. Que fazer então? Uma coligação PS – PSD? Não, porque há que permitir a alternância. Mas estes dois partidos devem criar condições para que aquele que ganhar governe, com base num «pacto de regime» que assegure a aprovação do programa e do orçamento, bem como a gestão de moções de censura e de confiança. Assim mesmo, sem tirar nem pôr e para todo o sempre.
É isto que entra pela nossa casa dentro, é contra este monolitismo que se impõe a exigência de diversidade e é nesta batalha que se insere a Petição pelo pluralismo de opinião no debate político-económico, lançada há dez dias, e que conta já com mais de 1.000 assinaturas.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Ecos na blogosfera (2)
Mais uma vez a ofensiva ideológica da direita e uma petição pelo pluralismo nos media
por Jorge Nascimento Fernandes
Não quero pavonear-me com louros que não conquistei, mas tenho para mim que fui um dos primeiros a denunciar a ofensiva ideológica da direita traduzida na escolha de comentadores e de programas televisivos que faziam uma clara apologia das opções económica, financeiras e políticas da ideologia neo-liberal ou simplesmente de direita.
Numa pesquisa breve deste tema no meu blog encontro desde logo um post em Janeiro deste ano, outro em Fevereiro e posteriormente em Junho, e em Julho, este e este, terminando, já em Setembro, com este.
Referindo-se sempre a uma situação concreta, todos eles fazem uma clara denúncia da ofensiva da direita em termos políticos e ideológicos e da permanente ocupação de todo o espaço mediático pela direita. O PS aparece em todos eles como incapaz de reagir ou como colaborador activo desta encenação.
Muitos comentadores da blogosfera, e não irei em concreto citar nenhum, têm referido a desvergonha que é o pensamento único, que justifica a ofensiva do Governo e as propostas da oposição de direita que lhe são semelhantes, ocupar por inteiro todos os media, não havendo lugar para o contraditório. Não vi ainda o Sr. Pacheco Pereira incomodado com isto, tão pressuroso em denunciar a falte de contraditório na TV estatal em relação o que diz o primeiro-ministro.
Em relação ao meu post anterior e cujo conteúdo provocou uma chusma de insultos por parte alguém do PCP, gostaria só de acrescentar uma pequena adenda. A ofensiva que tenho vindo a denunciar é da direita e visava, de facto, levar o Governo a aplicar as medidas que tomou. O PS andou durante quase todo o Verão a engonhar, refugiando-se num oásis que só existia nas palavras de Sócrates ou então a garantir a sua imaculada defesa do estado social.
Para tentar sobreviver, Sócrates lança-se para a frente e aplica em doses maciças tudo aquilo que há meses lhe andavam a soprar. Portanto, os comentadores escolhidos a dedo pelos media não só aplaudem as medias tomadas, porque eram aquelas que eles andavam há muito a pedir, como se preparam para exigir mais ou a justificar o provável fracasso destas pela incompetência do Governo ou pelo atraso na sua aplicação. Em qualquer dos casos estão todos de acordo. Mas isto não invalida aquilo que eu explanei na minha última intervenção.
O inimigo principal continua a ser a direita, que conta com a colaboração activa do PS, que não se importa de se suicidar como partido do Governo a ter que alterar a sua política de direita, está-lhe na massa do sangue. Sócrates espera poder sobreviver entre os pingos da chuva, recorrendo à impossibilidade constitucional de dissolver a Assembleia da República e à necessidade de o presidente Cavaco ser eleito e por isso querer o orçamento aprovado. Mas a longo prazo, que não deve exceder um ano, deve estar quase moribundo ou então num golpe de asa consegue sobreviver. A ver vamos, e sofrendo, no entanto, as agruras da crise.
PS.: já estava este post escrito, quando me chegou à caixa dos e-mails a notícia que circulava na net e no facebook uma petição referente ao pluralismo de opinião no debate político-económico. No fundo, vinha na sequência das denúncias que eu tinha feito relativamente à ofensiva político-ideológica que pretendia transmitir um pensamento único nas televisões. O site é este e, se os meus leitores estiverem de acordo, assinem.
por Jorge Nascimento Fernandes
Não quero pavonear-me com louros que não conquistei, mas tenho para mim que fui um dos primeiros a denunciar a ofensiva ideológica da direita traduzida na escolha de comentadores e de programas televisivos que faziam uma clara apologia das opções económica, financeiras e políticas da ideologia neo-liberal ou simplesmente de direita.
Numa pesquisa breve deste tema no meu blog encontro desde logo um post em Janeiro deste ano, outro em Fevereiro e posteriormente em Junho, e em Julho, este e este, terminando, já em Setembro, com este.
Referindo-se sempre a uma situação concreta, todos eles fazem uma clara denúncia da ofensiva da direita em termos políticos e ideológicos e da permanente ocupação de todo o espaço mediático pela direita. O PS aparece em todos eles como incapaz de reagir ou como colaborador activo desta encenação.
Muitos comentadores da blogosfera, e não irei em concreto citar nenhum, têm referido a desvergonha que é o pensamento único, que justifica a ofensiva do Governo e as propostas da oposição de direita que lhe são semelhantes, ocupar por inteiro todos os media, não havendo lugar para o contraditório. Não vi ainda o Sr. Pacheco Pereira incomodado com isto, tão pressuroso em denunciar a falte de contraditório na TV estatal em relação o que diz o primeiro-ministro.
Em relação ao meu post anterior e cujo conteúdo provocou uma chusma de insultos por parte alguém do PCP, gostaria só de acrescentar uma pequena adenda. A ofensiva que tenho vindo a denunciar é da direita e visava, de facto, levar o Governo a aplicar as medidas que tomou. O PS andou durante quase todo o Verão a engonhar, refugiando-se num oásis que só existia nas palavras de Sócrates ou então a garantir a sua imaculada defesa do estado social.
Para tentar sobreviver, Sócrates lança-se para a frente e aplica em doses maciças tudo aquilo que há meses lhe andavam a soprar. Portanto, os comentadores escolhidos a dedo pelos media não só aplaudem as medias tomadas, porque eram aquelas que eles andavam há muito a pedir, como se preparam para exigir mais ou a justificar o provável fracasso destas pela incompetência do Governo ou pelo atraso na sua aplicação. Em qualquer dos casos estão todos de acordo. Mas isto não invalida aquilo que eu explanei na minha última intervenção.
O inimigo principal continua a ser a direita, que conta com a colaboração activa do PS, que não se importa de se suicidar como partido do Governo a ter que alterar a sua política de direita, está-lhe na massa do sangue. Sócrates espera poder sobreviver entre os pingos da chuva, recorrendo à impossibilidade constitucional de dissolver a Assembleia da República e à necessidade de o presidente Cavaco ser eleito e por isso querer o orçamento aprovado. Mas a longo prazo, que não deve exceder um ano, deve estar quase moribundo ou então num golpe de asa consegue sobreviver. A ver vamos, e sofrendo, no entanto, as agruras da crise.
PS.: já estava este post escrito, quando me chegou à caixa dos e-mails a notícia que circulava na net e no facebook uma petição referente ao pluralismo de opinião no debate político-económico. No fundo, vinha na sequência das denúncias que eu tinha feito relativamente à ofensiva político-ideológica que pretendia transmitir um pensamento único nas televisões. O site é este e, se os meus leitores estiverem de acordo, assinem.
Ecos na blogosfera (1)
Contra os “Dupond et Dupont” da economia: petição pelo pluralismo do debate político-económico nos média
por Henrique de Sousa
É cada vez maior o número dos que estão fartos de levar em cima com a ocupação do espaço público e mediático pelos “bonzos” bem pagos do pensamento único da economia. Os mesmos que (quase) sempre se enganaram, mas nunca têm dúvidas quanto à orientação de apertar o cinto dos “de baixo” e de preservar os privilégios dos “de cima”, em nome da acalmia e estabilidade dessa entidade mitificada que são “os mercados”, a nova religião que nos querem impingir.
São os novos “Dupond et Dupont”, os guardiões do templo do pensamento neoclássico e neoliberal na economia das universidades, às vezes com umas pitadas (cada vez mais ténues e esquecidas) de keynesianismo à mistura. Com passagem por sucessivos governos e administrações de bancos e grupos económicos, frequentemente acumulando escandalosas reformas, e que o poder económico e político usa e compra, quer para explicar as medidas anti-sociais, quer para preparar o terreno para os assaltos seguintes à carteira dos cidadãos comuns.
Sucessivas gerações´de economistas formados neste ambiente académico e mediático ajudam a explicar a tibieza do protesto e da revolta contra a monotonia do discurso neoliberal e o conformismo e passividade relativamente à sua tese máxima de que “não há alternativa”. Tese proclamada pela nada saudosa Thatcher ( lembram-se do acrónimo TINA – “There is no alternative” ?) que, com Reagan, protagonizaram e impulsionaram no plano das políticas o neoliberalismo como doutrina da globalização capitalista e do reforço mundial do poder, da concentração e dos recursos do grande capital, depois dos “30 gloriosos” do pós-guerra em que este se vira constrangido aos compromissos do Estado Social entre capital e trabalho nas sociedades demoliberais.
Felizmente que está a surgir um número cada vez maior de vozes lúcidas na Economia (neomarxistas, keynesianos, institucionalistas,…) que, nas universidades e fora delas, provam que há mais mundo, mais ideias, mais alternativas e caminhos além dos proclamados pelos sacerdotes do TINA. E uma nova geração aí está a provar que nesta área não se vergam nem acomodam ao situacionismo dominante (é ver, como exemplo, o blogue Ladrões de Bicicletas). É mais que tempo de terem também voz no espaço público e mediático!
Merece por isso todo o apoio a petição on-line pelo pluralismo de opinião no debate político-económico que acaba de ser lançada exigindo que se acabe com esta vergonhosa e ostensiva imposição de um pensamento único nos média, afinal nada compatível na teoria com as credenciais liberais que os seus propagandistas de serviço gostam de ostentar, de modo a que todos os cidadãos tenham acesso à diversidade de análises e opções existentes.
Neste tempo em que nos mergulharam numa espiral suicidária e recessiva de PECs, temos direito e é preciso um debate plural e verdadeiramente contraditório que não nos limite às receitas do costume. Assinem aqui a petição e passem a palavra!
por Henrique de Sousa
É cada vez maior o número dos que estão fartos de levar em cima com a ocupação do espaço público e mediático pelos “bonzos” bem pagos do pensamento único da economia. Os mesmos que (quase) sempre se enganaram, mas nunca têm dúvidas quanto à orientação de apertar o cinto dos “de baixo” e de preservar os privilégios dos “de cima”, em nome da acalmia e estabilidade dessa entidade mitificada que são “os mercados”, a nova religião que nos querem impingir.
São os novos “Dupond et Dupont”, os guardiões do templo do pensamento neoclássico e neoliberal na economia das universidades, às vezes com umas pitadas (cada vez mais ténues e esquecidas) de keynesianismo à mistura. Com passagem por sucessivos governos e administrações de bancos e grupos económicos, frequentemente acumulando escandalosas reformas, e que o poder económico e político usa e compra, quer para explicar as medidas anti-sociais, quer para preparar o terreno para os assaltos seguintes à carteira dos cidadãos comuns.
Sucessivas gerações´de economistas formados neste ambiente académico e mediático ajudam a explicar a tibieza do protesto e da revolta contra a monotonia do discurso neoliberal e o conformismo e passividade relativamente à sua tese máxima de que “não há alternativa”. Tese proclamada pela nada saudosa Thatcher ( lembram-se do acrónimo TINA – “There is no alternative” ?) que, com Reagan, protagonizaram e impulsionaram no plano das políticas o neoliberalismo como doutrina da globalização capitalista e do reforço mundial do poder, da concentração e dos recursos do grande capital, depois dos “30 gloriosos” do pós-guerra em que este se vira constrangido aos compromissos do Estado Social entre capital e trabalho nas sociedades demoliberais.
Felizmente que está a surgir um número cada vez maior de vozes lúcidas na Economia (neomarxistas, keynesianos, institucionalistas,…) que, nas universidades e fora delas, provam que há mais mundo, mais ideias, mais alternativas e caminhos além dos proclamados pelos sacerdotes do TINA. E uma nova geração aí está a provar que nesta área não se vergam nem acomodam ao situacionismo dominante (é ver, como exemplo, o blogue Ladrões de Bicicletas). É mais que tempo de terem também voz no espaço público e mediático!
Merece por isso todo o apoio a petição on-line pelo pluralismo de opinião no debate político-económico que acaba de ser lançada exigindo que se acabe com esta vergonhosa e ostensiva imposição de um pensamento único nos média, afinal nada compatível na teoria com as credenciais liberais que os seus propagandistas de serviço gostam de ostentar, de modo a que todos os cidadãos tenham acesso à diversidade de análises e opções existentes.
Neste tempo em que nos mergulharam numa espiral suicidária e recessiva de PECs, temos direito e é preciso um debate plural e verdadeiramente contraditório que não nos limite às receitas do costume. Assinem aqui a petição e passem a palavra!
Subscrever:
Mensagens (Atom)