quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Ecos na blogosfera (2)

Mais uma vez a ofensiva ideológica da direita e uma petição pelo pluralismo nos media
por Jorge Nascimento Fernandes

Não quero pavonear-me com louros que não conquistei, mas tenho para mim que fui um dos primeiros a denunciar a ofensiva ideológica da direita traduzida na escolha de comentadores e de programas televisivos que faziam uma clara apologia das opções económica, financeiras e políticas da ideologia neo-liberal ou simplesmente de direita.
Numa pesquisa breve deste tema no meu blog encontro desde logo um post em Janeiro deste ano, outro em Fevereiro e posteriormente em Junho, e em Julho, este e este, terminando, já em Setembro, com este.
Referindo-se sempre a uma situação concreta, todos eles fazem uma clara denúncia da ofensiva da direita em termos políticos e ideológicos e da permanente ocupação de todo o espaço mediático pela direita. O PS aparece em todos eles como incapaz de reagir ou como colaborador activo desta encenação.
Muitos comentadores da blogosfera, e não irei em concreto citar nenhum, têm referido a desvergonha que é o pensamento único, que justifica a ofensiva do Governo e as propostas da oposição de direita que lhe são semelhantes, ocupar por inteiro todos os media, não havendo lugar para o contraditório. Não vi ainda o Sr. Pacheco Pereira incomodado com isto, tão pressuroso em denunciar a falte de contraditório na TV estatal em relação o que diz o primeiro-ministro.
Em relação ao meu post anterior e cujo conteúdo provocou uma chusma de insultos por parte alguém do PCP, gostaria só de acrescentar uma pequena adenda. A ofensiva que tenho vindo a denunciar é da direita e visava, de facto, levar o Governo a aplicar as medidas que tomou. O PS andou durante quase todo o Verão a engonhar, refugiando-se num oásis que só existia nas palavras de Sócrates ou então a garantir a sua imaculada defesa do estado social.
Para tentar sobreviver, Sócrates lança-se para a frente e aplica em doses maciças tudo aquilo que há meses lhe andavam a soprar. Portanto, os comentadores escolhidos a dedo pelos media não só aplaudem as medias tomadas, porque eram aquelas que eles andavam há muito a pedir, como se preparam para exigir mais ou a justificar o provável fracasso destas pela incompetência do Governo ou pelo atraso na sua aplicação. Em qualquer dos casos estão todos de acordo. Mas isto não invalida aquilo que eu explanei na minha última intervenção.
O inimigo principal continua a ser a direita, que conta com a colaboração activa do PS, que não se importa de se suicidar como partido do Governo a ter que alterar a sua política de direita, está-lhe na massa do sangue. Sócrates espera poder sobreviver entre os pingos da chuva, recorrendo à impossibilidade constitucional de dissolver a Assembleia da República e à necessidade de o presidente Cavaco ser eleito e por isso querer o orçamento aprovado. Mas a longo prazo, que não deve exceder um ano, deve estar quase moribundo ou então num golpe de asa consegue sobreviver. A ver vamos, e sofrendo, no entanto, as agruras da crise.

PS.: já estava este post escrito, quando me chegou à caixa dos e-mails a notícia que circulava na net e no facebook uma petição referente ao pluralismo de opinião no debate político-económico. No fundo, vinha na sequência das denúncias que eu tinha feito relativamente à ofensiva político-ideológica que pretendia transmitir um pensamento único nas televisões. O site é este e, se os meus leitores estiverem de acordo, assinem.

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